As intenções do servo do Senhor eram as melhores possíveis. Suas conquistas objetivavam a glória de Deus e apontavam para a benção de Deus sobre a sua vida.
Segurança nacional, grandes obras, um forte exército, conquistas, mas, acima de tudo, um desejo motivado pelo prazer de louvar e adorar a Deus, marcaram a vida deste servo de Deus.
Optei por não fazer uma abordagem exegética sobre o tema, tendo em vista as várias fontes de consultas, tanto livrescas como online. Tratarei o tema de uma perspectiva hermenêutica, ou seja, analisarei as questões envolvidas numa perspectiva contemporânea e evangélica.
POSIÇÃO ESTRATÉGICA E IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DE JERUSALÉM
Temos aqui dois pontos que fazem a diferença quando bem entendidos, valorizados e aplicados, são eles: a posição estratégica e a importância histórica.
Nestes dois itens se enquadram a igreja evangélica brasileira, e mais especificamente, as Assembleias de Deus, sobre a qual nossos comentários se deterão.
Em termos de posição estratégica, do ponto de vista geográfico, as Assembleias de Deus no Brasil se instalaram nas principais cidades do Brasil, tanto nas capitais, quanto no interior. Estão inseridas tanto nas comunidades mais pobres, como, também, em bairros e regiões mais afortunadas economicamente.
Agregada a sua posição estratégica, está também a sua importância histórica. A maior denominação evangélica e pentecostal brasileira, às vésperas de seu centenário, construiu uma imagem e conquistou um respeito das igrejas históricas, reformadas e do catolicismo romano.
O crescimento da igreja foi o resultado natural desta posição estratégica e de sua bela história, marcada pelo duro e sincero trabalho dos pioneiros, do compromisso deles com a unidade espiritual, denominacional, fraternal e doutrinária.
O que chamo a atenção, é para o fato de que nem todo contínuo crescimento sinaliza para um bom momento, ou é sinal da benção de Deus sobre uma organização, instituição, grupo ou movimento religioso.
Assim como Davi e o povo em sua época, é possível atualmente encontrar líderes e pessoas sinceras, cujas ações promovem o crescimento da igreja, mas, por outro lado, há também líderes e pessoas que perderam o foco, trabalham distanciados da vontade de Deus, em benefício de causa própria.
O crescimento de uma congregação, campo, ministério ou convenção específica, não é sinal da aprovação de Deus sobre a vida do líder ou ministério local.
Uma prova disto é o crescimento de congregações, campos, ministérios e convenções que vivem continuamente com litígios internos e externos, trocam acusações, não se respeitam ou se aceitam, pregam sobre amor e perdão mas não vivem isso plenamente, fazem alianças políticas descabidas de bom senso, acentuam o partidarismo e o preferencialismo nas eleições ministeriais, atuam como empresas em busca de um fortalecimento no “mercado” da fé, desperdiçam tempo, dinheiro e energia na disputa e busca pelo poder eclesiástico, assimilam modelos litúrgicos e doutrinários para agradar a sua clientela etc.
UM REINO CRESCENTE DESPERTA INIMIGOS
Naturalmente, todo crescimento desperta a atenção e a inveja de terceiros. O pior é quando estes “terceiros”, na qualidade de inimigos, conseguem perceber e identificar as mazelas do “reino”. Enquanto em Jerusalém e em Israel a justiça social, a integridade dos juízes, a santidade dos sacerdotes e a fidelidade do povo a Deus e a sua palavra prevaleceram, havia inimigos sim, mas, inimigos que demonstravam certo respeito pela nação. Quantos essas qualidades se dissipam, ou se tornam cada vez mais escassas, além dos inimigos aumentarem, aumentam também a falta de respeito e credibilidade.
Os inimigos se fortalecem, zombam e escarnecem diante do fracasso, da decadência espiritual e moral de muitos. Os escândalos promovidos por algumas lideranças, que se propagam em programas de TV aberta, sem falar no que acontece nos bastidores fétidos e nas salas onde decisões e acordos indecentes são formalizados, tudo isso coopera para o fortalecimento dos inimigos da fé cristã.
NOVO REINO, NOVOS ALVOS A ALCANÇAR
As prioridades das coisas espirituais ganham o enfoque neste ponto. Davi sempre procurou priorizar as coisas espirituais.
Atualmente, há uma preocupação demasiada em parecer espiritual, em detrimento do fato de ser realmente espiritual.
As formas suntuosas dos templos (símbolo de status e poder) e a estética do culto, em muitos lugares prevalecem, sem que haja comunhão entre os que lá se reúnem, e a presença da verdadeira adoração.
Sobram hinos para Deus, mas, falta na mesma proporção a manifestação de sua doce e maravilhosa presença. O culto se transforma num monólogo coletivo, em algo frio, formal, engessado e cansativo. Um mero encontro de pessoas, em vez de um encontro de pessoas com Deus.
O “reino” Igreja Assembleia de Deus, não muito diferente das outras denominações evangélicas, precisam de novos alvos a alcançar. Alvos não meramente numéricos, mas, que dignifiquem e horem o nome do Senhor. Alvos que promovam um crescimento saudável. Alvos que estabeleçam de fato, o Reino de Deus na terra.
É provável que no próximo mês a igreja evangélica no Brasil ultrapasse os 50 milhões de membros, e que em 2020 seja 50% da população nacional, com cerca de 104,5 milhões de crentes. A pergunta é: será um crescimento e expansão apenas quantitativa, ou cresceremos, acima de tudo, em qualidade de vida verdadeiramente cristã?
Autor da matéria.
Altair Germano 43, pastor, Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Educação Cristã, Pós-graduando em Psicopedagogia, Mestre em Pedagogia Cristã, Mestrando em Teologia Pastoral, casado com Elizabeth, pai de Alvaro e Paulo.